Você já se pegou se perguntando por que, mesmo após experiências dolorosas, continua se envolvendo com o mesmo tipo de pessoa? A aparência pode até mudar, os cenários podem ser diferentes, mas o roteiro emocional se repete: carência, insegurança, relações desequilibradas. Essa repetição de padrões não é coincidência — ela tem raízes profundas em nossa história emocional e nas crenças que carregamos sobre o amor.
A escolha afetiva está longe de ser apenas racional. Muitas vezes, ela é movida por impulsos inconscientes que vêm da nossa infância e das primeiras referências de amor que tivemos. Pais ausentes, cuidadores imprevisíveis, rejeições ou até superproteção moldam a forma como entendemos o que é amar e ser amado. O que é familiar emocionalmente — mesmo que disfuncional — se torna confortável. E, sem perceber, passamos a buscar relações que reproduzam essas dinâmicas.
Por exemplo, uma pessoa que teve um pai emocionalmente indisponível pode crescer acreditando que precisa "merecer" o amor, e acaba se atraindo por parceiros distantes, frios ou ambíguos, tentando novamente conquistar o afeto que nunca teve. Essa é uma forma inconsciente de tentar consertar uma dor antiga, ainda que isso a coloque num ciclo de frustração.
Outro fator é a autoestima. Quando ela está fragilizada, tendemos a aceitar menos do que merecemos ou a nos envolver com quem reafirma nossas inseguranças. Se não acreditamos no nosso valor, é provável que trazemos pessoas que nos tratam de forma negligente ou abusiva, confirmando uma narrativa interna de desmerecimento.
Além disso, nossas crenças sobre o amor influenciam diretamente nossas escolhas. Se acreditamos que o amor é difícil, que exige sacrifício constante ou que é normal sofrer por alguém, vamos nos conectar com pessoas que reforcem essa visão — ainda que de maneira inconsciente.
É importante entender que repetir padrões não significa que estamos condenados a reviver as mesmas histórias para sempre. O primeiro passo para quebrar esse ciclo é o autoconhecimento. Observar as próprias escolhas, reconhecer comportamentos recorrentes e refletir sobre as emoções que nos guiam pode abrir espaço para mudanças significativas.
A terapia é uma grande aliada nesse processo. Ela ajuda a identificar as origens desses padrões, questionar crenças limitantes e desenvolver uma nova forma de se relacionar consigo mesmo e com os outros. Quando nos tratamos com mais amor, aprendemos a escolher melhor. E, muitas vezes, o tipo de pessoa que antes nos atraía começa a perder o brilho, porque não conversa mais com quem estamos nos tornando. garota com local
Também é essencial dar tempo ao tempo. Mudar o padrão exige paciência e coragem para sair da zona de conforto emocional. Pode ser desafiador dizer não a alguém que parece "familiar", mas que reproduz a mesma dor de antes. No entanto, é nesse espaço de negação que começa o verdadeiro crescimento.
Escolher sempre o mesmo tipo de pessoa não é azar, é um reflexo da nossa história não resolvida. Mas com consciência, trabalho emocional e amor-próprio, é possível reescrever essa narrativa e criar relações mais saudáveis, seguras e felizes.
No fim das contas, quando aprendemos a amar de forma mais consciente, deixamos de buscar quem nos machuca e começamos a atrair quem realmente nos soma. E essa transformação começa dentro de nós.