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LE BLUE COMEMORA 15 ANOS DO SEU HINO PELO DIREITO À CIDADE NO RIO: canção sobre o ônibus "569" marcou época no contexto da pacificação social e do Movimento Passe Livre

 


https://youtu.be/EhmAm1FR2Qk

https://m.soundcloud.com/fred-le-blue/facebusmov-569-oniblue-da-paz

"569", composta e gravada por Fred Le Blue Assis, doutor em Planejamento Urbano pelo IPPUR e pesquisador de territórios culturais do TECCER (fundador do MOVimento ARTetetura & HUMANismo), é um manifesto a favor da desfragmentação espacial e do empoderamento popular do bem comum que é o espaço público da "cidade partida" de Zuenir Ventura (Rio de Janeiro). A canção aponta para uma resposta micropolítica à violência urbana (tragédia do ônibus 174) através da música por meio de uma abordagem terapêutica, que tenta catalisar um resgate da sociabilidade urbana, da comunicação não-violenta e da cultura de paz, na tentativa de combater a anomia e paranoia social, perpetuada nos comportamentos públicos e pelos discursos sociais sobre o Rio.

A letra e a musicalidade eclética sugerem uma metalinguagem da multipli'cidade de vozes e olhares urbanos. O meio de transporte (ônibus) é aqui representado como um meio de comunicação também, inclusive de expressão artística, e socialização interpessoal. A narrativa documentarística da odisséia urbana que é narrada em “569”, a partir de experiências etnográficas, no contexto histórico político das lutas por valores de passagens acessíveis e justos (Movimento Passe Livre), desperta para a possibilidade de uma contrahegemonia possível através da interface da sustentabilidade com direitos humanos. A defesa conexa da mobilidade, ecologia e sociabilidade urbana passa pela maior massificação do uso do transporte público, pois que, por meio disso, evita-se congestionamentos poluentes, catalisados pelos excessos de carros, mas também o atrofiamento do sentido sensorial afetivo do espaço urbano e cotidiano. 

569 é assim uma canção plástica de intervenção urbanística que mistura, essencialmente,  as linguagens artísticas e sentidos humanos através de um descondicionamento dos padrões mentais preconceituosos que impedem a experiência da alteridade. A canção poética e política do coletivo, ao apontar para uma possibilidade pedagógica de relativização da segregação social simbólica espacial, revela a possibilidade reapropriativa do espaço público comum, enquanto lugar de pertencimento psicogeográfico. O ônibus, no entanto, está em constante trânsito, devido ao seu caráter dinâmico mecânico e antropológico e, por isso, é em si instrumento biopolítico potente contra esta desumanização corporal e social da cidade. Nesse sentido, os valores estéticos e éticos são estruturais dessa experiência musical expandida por permitir uma sinergia sincrética de linguagens e cenários plurais: ciência e arte, casa e rua, eu e outro, corpo e espírito, Zona Sul-Zona Norte, Brasil-América Latina, saber e universidade, cotidiano e teoria, política-poesia, música-cinema, espaço-tempo, paz e voz (atitude), masculino e feminino, ciências exatas e ciências humanas, cultura de massa e cultura erudita, arte e educação, arte e terapia, arte-educação e arte-terapia, underground e indústria cultural. 

Enquanto crônica musical, suscita indiretamente a resiliência política também, já que a gestão da cidade em uma democracia representativa não deve isentar de participação direta os cidadãos do grande coletivo de brasileiros nas ruas e nas redes. Direito de ir e vir, à igualdade na diferença e o de liberdade de expressão e manifestação podem pegar carona nesse "circular" em que é a vida em deslocamento nas grandes cidades e, que, por isso, devem também se tornar sustentáveis, em aderência aos apelos socioambientais globais.

FRED LE BLUE: "A interface da musicoterapia, da etnografia urbana e da cultura de paz aplicada à paisagem cultural do Rio de Janeiro permitiu uma viagem musical educativa através da música pacifista no Rio, "569, o Ôniblue da Paz. Lançada em 2009, a canção dialoga com o contexto social de radicalização entre políticas públicas urbanas de pacificação no Rio (UPP e UPP Social) e movimentos sociais de luta pelo acesso cultural (Catraca Livre), bem como, pela mobilidade urbana (Passe-Livre) em São Paulo, Rio de Janeiro e no Brasil. O caráter ambivalente da música entre a improvisação e a técnica, entre a vida e a obra, e entre a terapia e o trauma, com ênfase na possibilidade de uso sociocultural e educomunicativo da musicoterapia, aponya para uma tecnologia mental-ecológica de paz que permite a combater da violência urbana. A proposta era permitir um empoderamento narrativo da luta por direitos à diferença e direito à cidade, no tocante ao sociabilidade no espaço público como catalisadora da cidadania plena e paz social".

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