| Fonte: Izabelly Mendes. |
Nos últimos anos, tornou-se comum ouvir a afirmação de que o alcance orgânico nas redes sociais morreu. Muitos criadores de conteúdo, marcas e profissionais de marketing digital têm a sensação de que publicar sem investir em anúncios deixou de gerar retorno. Mas será que isso é um fato ou apenas uma mudança de perspectiva causada pela evolução das plataformas digitais?
O alcance orgânico representa o número de pessoas que visualizam um conteúdo sem que haja investimento em mídia paga. Ele sempre foi considerado um dos principais motores de crescimento no ambiente digital, principalmente nos primeiros anos do Facebook e, depois, do Instagram. No entanto, à medida que as plataformas foram amadurecendo e passaram a ter como prioridade a monetização, a entrega gratuita de conteúdo sofreu limitações. O Facebook talvez seja o maior exemplo desse processo. No início da década de 2010, páginas alcançaram uma boa parcela de seus seguidores de forma natural, mas hoje o percentual não chega a dois por cento, obrigando empresas e influenciadores a recorrerem à publicidade paga para manter relevância.
O Instagram e o TikTok seguem caminhos um pouco diferentes, mas não estão imunes à mesma lógica. Enquanto o Facebook praticamente reduziu a zero o alcance orgânico, as plataformas atuais ainda oferecem oportunidades de viralização por meio de formatos específicos, como Reels e vídeos curtos. Isso faz com que novos criadores possam crescer mesmo sem verba para anúncios. Ainda assim, não há garantias: os algoritmos estão cada vez mais exigentes e selecionam apenas conteúdos que conseguem prender a atenção, gerar engajamento e se conectar de forma imediata com o público. A consequência é que publicar por publicar deixou de ser suficiente.
É comum colocar os algoritmos como vilões desse processo, mas a verdade é que eles surgiram para organizar o caos. Com o crescimento exponencial da quantidade de postagens, seria impossível consumir tudo em ordem cronológica. O algoritmo atua como um filtro, mostrando o que considera mais relevante para cada usuário. Isso significa que conteúdos de baixa qualidade, pouco envolventes ou sem estratégia acabam sendo sufocados, enquanto aqueles que despertam reações positivas têm mais chances de serem amplificados. Dessa forma, o alcance orgânico não desapareceu, apenas ficou mais competitivo e seletivo.
O investimento em mídia paga, por outro lado, tornou-se quase inevitável para marcas que buscam previsibilidade. As plataformas dependem financeiramente desse modelo, e por isso cada vez mais incentivam a compra de anúncios. Entretanto, seria um erro afirmar que só paga quem alcança. Ainda existem inúmeros exemplos de criadores independentes que conquistam milhões de visualizações sem gastar nada, principalmente em redes mais abertas como o TikTok e o YouTube Shorts. O que mudou é a dificuldade: para alcançar o mesmo nível de engajamento que antes, hoje é preciso muito mais esforço, criatividade e conhecimento sobre o funcionamento das plataformas.
A ideia de que o alcance orgânico acabou é, portanto, um mito parcial. O que realmente terminou foi a era em que bastava publicar qualquer coisa para atingir uma grande parte da audiência. O cenário atual exige consistência, autenticidade e adaptação às tendências, além de uma compreensão clara sobre como o algoritmo favorece determinados formatos e comportamentos. O alcance orgânico continua existindo, mas deixou de ser simples. Ele se transformou em uma disputa diária pela atenção, onde só quem entrega valor de verdade consegue espaço. Baixar video Instagram
No fim das contas, a questão não é se o alcance orgânico morreu, mas sim se você está disposto a entender as novas regras do jogo. Ele ainda está vivo, embora não seja mais abundante e gratuito como antes. O desafio agora é encarar a competição com estratégia e criatividade, reconhecendo que a conquista do público depende menos de sorte e mais de inteligência digital.




