Comércio mundial do produto movimentou US$ 43,8 bilhões em 2024; país avança em vendas externas, mas ainda enfrenta barreiras logísticas e tributárias
Créditos: NickyLloyd/iStock
Em 2024, as
exportações globais de chocolate somaram, aproximadamente, US$ 43,8 bilhões, de
acordo com levantamento do site World’s Top Exports. O estudo foi feito a
partir de dados oficiais de comércio exterior informados pelos próprios países
à Organização Mundial do Comércio, utilizando a classificação internacional HS
1806, que abrange chocolate e preparações alimentícias à base de cacau.
No ranking, a
Alemanha lidera, com cerca de 16,7% do mercado mundial, seguida por Bélgica,
Polônia, Itália e Países Baixos. Juntos, os cinco países responderam por quase
metade do total exportado em 2024.
O Brasil, embora
seja um importante produtor de cacau, tem participação mais tímida quando se
trata da exportação de chocolate pronto para consumo. Segundo a ApexBrasil, com
base em registros aduaneiros e estatísticas oficiais de comércio exterior, o
país exportou US$ 167,4 milhões em chocolates em 2023, resultado considerado o
maior dos últimos 20 anos.
No ano seguinte, a
Câmara Árabe-Brasileira de Comércio registrou crescimento de 4,39% nas
exportações brasileiras para países do Oriente Médio entre janeiro e agosto,
totalizando US$ 16,06 milhões. O levantamento foi elaborado a partir dos dados
consolidados de comércio exterior, disponibilizados pelo governo brasileiro.
Apesar do avanço, o
Brasil não aparece entre os dez maiores exportadores mundiais de chocolate em
2024. O país mantém relevância principalmente na cadeia de produção de cacau e
seus derivados.
Segundo informações
da Associação Nacional da Indústria de Processamento de Cacau (AIPC), que
compila dados de moagem e industrialização, a produção brasileira de derivados
tem aumentado, e há projeções de crescimento da capacidade de processamento nos
próximos anos.
O cenário mostra
que, enquanto países europeus concentram as maiores fatias das exportações por
sua capacidade industrial e tradição no setor, o Brasil avança de forma
gradual. O chocolate produzido internamente ganha espaço no comércio exterior,
mas ainda enfrenta desafios de competitividade para alcançar o patamar das
nações líderes.
Outro ponto
relevante é a influência das condições climáticas na oferta de cacau,
matéria-prima essencial para o chocolate. Em 2024, países da África Ocidental,
como Costa do Marfim e Gana, responsáveis por mais de 60% da produção mundial
de cacau, registraram quebras de safra, devido a variações de temperatura e
excesso de chuvas.
Esses fatores
impactaram diretamente os preços internacionais, afetando tanto grandes
exportadores de chocolate na Europa quanto países emergentes, como o Brasil,
que precisam equilibrar custos de produção e competitividade no mercado
externo.
Além das questões
climáticas, barreiras tarifárias e logísticas também influenciam a posição do
Brasil no setor.
As exportações de chocolate brasileiro ainda enfrentam desafios
relacionados à alta carga tributária e à necessidade de ampliar acordos
comerciais que facilitem o acesso a novos mercados. Especialistas em comércio
exterior apontam que, para consolidar o país entre os grandes exportadores,
será necessário investir em tecnologia de processamento, estratégias de
diferenciação de produtos e maior integração com cadeias globais de
distribuição.