Fonte: Izabelly Mendes. |
Vivemos na era da imagem. O Instagram, com seus filtros e legendas românticas, tornou-se um palco onde o amor é encenado como um conto de fadas moderno. Casais sorridentes, viagens a dois, declarações apaixonadas e momentos perfeitamente capturados fazem parecer que relacionamentos são sempre leves, intensos e sem falhas. Mas por trás das postagens bem editadas, existe uma realidade muito mais complexa — e muitas vezes, bem menos glamourosa. A ilusão do amor perfeito nas redes sociais está moldando expectativas irreais e gerando frustrações silenciosas.
É comum abrir o aplicativo e ver casais aparentemente vivendo o “relacionamento dos sonhos”. Isso pode gerar comparação, inveja ou até mesmo dúvidas sobre o próprio relacionamento. “Será que eu estou com a pessoa certa?”, “Por que meu parceiro(a) não é assim tão romântico(a)?”, “Por que não viajamos tanto?”, “Será que estou vivendo menos amor do que deveria?” — perguntas como essas começam a rondar a mente de quem consome esse tipo de conteúdo com frequência. O problema está justamente aí: confundir uma vitrine com a realidade.
A maioria das pessoas não publica brigas, discussões, crises de ciúmes, inseguranças ou os momentos de solidão mesmo estando acompanhadas. Não se vê a rotina cansativa, os dias sem diálogo, as dores não ditas ou os momentos em que o amor precisa ser reconstruído. O que vai para o feed é o recorte idealizado: o jantar romântico, o passeio no pôr do sol, a selfie sorrindo. E, ao consumir esse conteúdo, esquecemos que o que vemos é só uma fração — geralmente a mais bonita e conveniente.
Essa ilusão alimenta um ciclo perigoso: de um lado, pessoas tentando viver um relacionamento que pareça digno de ser postado, e do outro, seguidores tentando alcançar um amor que só existe no mundo editado das redes. Isso pode levar a uma frustração profunda, a fim de relacionamentos que eram saudáveis, mas que não pareciam “instagramáveis”. Em muitos casos, a cobrança para se parecer com os casais perfeitos leva à desconexão emocional. Quando se vive para postar, não se vive de verdade.
Além disso, essa idealização digital tem impacto direto na autoestima. Pessoas solteiras podem sentir que estão ficando para trás ou que não são dignas de um amor tão lindo quanto o que vêem online. Aqueles que vivem relações reais, com imperfeições e dificuldades, podem se sentir desvalorizados ou em dúvida sobre a qualidade do próprio relacionamento. O amor deixa de ser vivido na intimidade e passa a ser medido por curtidas, comentários e impressões alheias.
É preciso desenvolver um olhar mais crítico sobre o que consumimos no Instagram. A vida real é feita de imperfeições, conflitos, aprendizados e crescimento — inclusive nos relacionamentos. Amar é enfrentar dias bons e ruins. É ceder, conversar, errar, perdoar e seguir junto, mesmo quando não há brilho no céu ou legenda bonita para acompanhar. Um amor maduro raramente rende boas postagens, mas rende segurança, parceria e crescimento verdadeiro.
Não há problema em compartilhar momentos felizes, mas é fundamental entender que isso não define o valor do relacionamento. O que importa é o que se vive fora da tela — nas conversas sinceras, nos abraços silenciosos, nas superações diárias. Um amor que precisa provar que é perfeito o tempo todo provavelmente está tentando esconder algo. Já um amor verdadeiro pode até ser discreto nas redes, mas é imenso na vida real. gpgbh
Portanto, da próxima vez que você se pegar admirando demais o casal perfeito do Instagram, lembre-se: não existe perfeição. Existe esforço, escolha diária e afeto construído na realidade, não nos filtros. O amor mais bonito talvez não seja o mais visível no feed, mas o mais presente no cotidiano. E isso, nenhuma rede social é capaz de mostrar por completo.