Imunização contra a HPV em meninos ainda é baixa em Goiás

 

Somente 33,94% do público alvo recebeu a primeira dose do imunizante de janeiro a outubro de 2023, apontam dados

Foto: Divulgação


Informações disponibilizadas pela SES-GO (Secretaria de Estado e Saúde de Goiás) apontam que a cobertura vacinal contra o HPV (papilomavírus humano) continua baixa entre o público que deve receber o imunizante. A meta do Ministério da Saúde é vacinar 80% da população elegível. No entanto, em Goiás, apenas 62,05% das meninas receberam a primeira dose até outubro de 2023. O percentual dos meninos é ainda mais preocupante: somente 33,94% foram imunizados neste mesmo período. Com a segunda dose, os índices permanecem baixos: 45,45% entre meninas e 18,48% entre meninos.

O cenário é considerado alarmante por especialistas, já que a falta de vacinação dos meninos afeta diretamente as meninas. “A vacinação é uma medida essencial para prevenir futuras complicações de saúde. Pais e responsáveis devem compreender a importância da imunização, especialmente dos meninos, para que no futuro eles não sofram com as consequências do vírus e nem transmitam às companheiras, que normalmente são mais penalizadas devido ao risco do câncer de colo do útero”, esclarece o urologista, doutor pela USP, Pedro Junqueira.

A preocupação com o público masculino fica mais evidente a partir de pesquisas sobre o tema. Um estudo publicado na revista The Lancet revelou que um em cada três homens é portador do vírus HPV. O trabalho ainda mostrou que cerca de 31% dos homens acima de 15 anos participantes da pesquisa apresentavam alguma variante do vírus. Em 5% deles foi encontrado o HPV-16, um dos mais associados a tumores.

Informação é o caminho contra o HPV

Especialistas apontam o tabu, o negacionismo e a falta de informação como as principais barreiras que impedem o alcance da meta de vacinação. “Muitas famílias não têm um diálogo aberto sobre educação sexual, não acham a imunização importante ou não comentam sobre o assunto com os filhos por questões religiosas. O desafio para desmistificar tudo isso ainda é grande”, explica Junqueira.

Na contramão dos que optaram por não vacinar os filhos contra o HPV está a professora de dança e produtora cultural Cinara Santana. Mãe do Caio, de 14 anos, e da Giovanna, de 16, ela afirma que sempre se mantém alerta ao calendário de vacinação disponibilizado pelo Ministério da Saúde e concorda que é preciso buscar informações confiáveis para não colocar em risco a saúde dos filhos. “Infelizmente vivemos tempos em que as pessoas preferem acreditar em conversas sem fundamento do que na ciência ou em profissionais que investem suas vidas na pesquisa e que apresentam evidências científicas, baseadas em estudos sérios”, comenta.

Cinara reforça que nunca associou a vacina do HPV com a indução das crianças ao sexo e afirma que o diálogo é a chave para a prevenção de outras IST’s. “A imunização vai proteger a
pessoa quando a vida sexual começar. Conversar com os filhos é muito importante para mostrar que o sexo é um passo muito sério e que é necessário maturidade física e emocional para começar a praticá-lo. Cabe aos pais a orientação e fiscalização dos conteúdos presentes na internet, porque é mais perigoso as crianças procurarem esse assunto por si só do que conversar com os pais, com todo cuidado e seriedade que o tema merece”, diz.

Sobre o HPV

O HPV é uma infecção viral que pode ser transmitida por meio de relações sexuais e pelo contato com a pele lesionada. O problema é conhecido por ser o principal causador do câncer de colo de útero em mulheres, mas também pode causar outros tipos de câncer, incluindo os de ânus, garganta e pênis.

“A maioria das infecções por HPV são assintomáticas, mas algumas cepas podem causar complicações. Por isso, a melhor forma de prevenir qualquer desdobramento ocasionado pelo vírus é por meio da vacinação, especialmente em crianças e adolescentes porque estes ainda não iniciaram a vida sexual”, finaliza Pedro Junqueira.


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